Observatório

Elevadas taxas de violência e criminalidade juvenil são desafios importantes e de difícil solução enfrentados pelo Brasil e por muitos outros países em desenvolvimento nos quais crianças, adolescentes e jovens, especialmente, aquelas moradoras de localidades que apresentam alto grau de vulnerabilidade socioeconômica estão particularmente em risco. Em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, os desafios são imensos.

O município possuía até o ano passado, segundo estimativa do IBGE, uma população de 2.521.564 habitantes. Em 2010 a população aferida pelo CENSO foi de 2.375.151 habitantes, sendo que a totalidade residiria em áreas urbanas. 46,88% da população seriam homens e 53,12% mulheres. Em 2010, em Belo Horizonte, haviam 209.378 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, sendo 34.159 com 12 anos de idade, 34.039 com 13 anos, 34.695 com 14 anos, 35.934 com 15 anos, 34.982 com 16 anos e 35.569 com 17 anos.

O Observatório Cultural Metropolitano será executado na região noroeste de Belo Horizonte, no bairro Lagoinha, se propondo a tomar como sua área direta de influência os bairros situados em toda a extensão do limite leste da região, no entorno da Avenida Presidente Antônio Carlos, especialmente, os bairros Sumaré, Aparecida, Aparecida 7ª Seção, Ermelinda, Nova Cachoeirinha, Bom Jesus, Nova Esperança, Santo André, São Cristóvão, Prado Lopes, Bonfim, Vila Real e Cachoeirinha I e II. Esta região possui população aferida pelo IBGE em 2010 em 58.740 habitantes.

Região cuja ocupação remonta ao início da construção de Belo Horizonte, o entorno da então Pedreira Prado Lopes sempre foi fortemente marcado pela vulnerabilidade social e violência urbana. Para além do contexto de vulnerabilidade econômica, também pela sua proximidade com a área central da capital, a região se tornou, especialmente, ao logo das últimas quatro décadas, palco de elevadíssimos índices de violências, crimes e uso crescente de drogas ilícitas, com destaque para o uso do “crack”, subproduto da pasta da cocaína. Em praticamente todas as ruas destes bairros, atualmente o uso do crack e as aglomerações de dependentes químicos e moradores de rua são uma constante, sendo a região considerada um reduto do tráfico de drogas na capital. Neste cenário, o tráfico de drogas e a criminalidade figuram no comum das vezes como alternativa de cultura e renda para jovens em situação de vulnerabilidade familiar, social, cultural e econômica.

A região apresenta há décadas um dos mais elevados índices de violência e criminalidade da capital mineira, com elevados índices de crimes violentos e homicídios tentados e consumados, sendo objeto constante de estudos e pesquisas que tratam destas temáticas.

Apesar de existirem importantes equipamentos públicos na região como o CRAS, a Unidade de Prevenção à Criminalidade, praças e escolas, a oferta de atividades orientadas de cultura e esporte a região ainda é significativamente deficiente.

O Instituto Elo, por meio da execução dos programas Fica Vivo! e Mediação de Conflitos, em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, há mais de uma década trabalha na prevenção à criminalidade nesta região, especificamente na Pedreira Prado Lopes. Apesar de todo o empenho destes programas governamentais e outras ações sociais de entidades civis na região, infelizmente, o alcance destes jamais sequer se aproximou da demanda dos jovens moradores em situação de vulnerabilidade social para ocupação do tempo livre e socialização não violenta por meio de atividades culturais, profissionalizantes e esportivas.

O Observatório Cultural Metropolitano promoverá aulas individuais e coletivas gratuitas de música em instrumentos de percussão (ensino e prática musical de surdo, reco reco, caixa de repique, tamborim, ganzá, pandeiro, cuíca e bumbo), cordas (ensino e prática musical de violão e cavaquinho) e sopro (ensino e prática musical de clarinete, trompete, flauta doce soprano, flauta doce sopranino, flauta doce contralto e flauta doce tenor); e esportes (futebol masculino e feminino), para crianças e adolescentes com idade entre 10 e 17 anos, de ambos os sexos, em situação de vulnerabilidade social, residentes na região noroeste de Belo Horizonte, MG, bairros Lagoinha, Sumaré, Aparecida, Aparecida 7ª Seção, Ermelinda, Nova Cachoeirinha, Bom Jesus, Nova Esperança, Santo André, São Cristóvão, Prado Lopes, Bonfim, Vila Real e Cachoeirinha I e II, e aglomerados e vilas adjacentes. As aulas serão também, invariavelmente, momentos de diálogo e reflexão sobre o cotidiano dos jovens, sobre a vida em contextos de violência e criminalidade, escolhas de vida, resiliência, importância da família e dos estudos, respeito ao próximo e perspectivas de futuro.

Nas oficinas de música esta será trabalhada de modo dinâmico e lúdico em sintonia com o universo musical dos adolescentes, buscando despertar o senso rítmico, a musicalidade e a criatividade nos jovens participantes, e proporcionar a estes o aprendizado de instrumentos. As oficinas serão realizadas de modo continuado, durante a semana, com foco no samba, ritmo que faz parte da história da região, contando com uma apresentação periódica aberta a toda a população.

Em relação ao segundo eixo pedagógico do projeto, o Instituto Elo entende que o esporte e a prática regular de atividades físicas são instrumentos importantes para o desenvolvimento humano, melhoria da qualidade de vida e acesso à cidadania. O Esporte possibilita a crianças e jovens o estabelecimento de conceitos e valores que podem contribuir para sua formação enquanto seres humanos e cidadãos responsáveis. Conceitos como respeito, cooperação, trabalho em equipe e cidadania serão trabalhados cotidianamente durante as atividades. Além do desenvolvimento das habilidades técnicas e físicas, por meio de palestras e momentos de reflexão nos treinos o projeto buscará proporcionar o exercício da sensibilidade, a noção de coletividade, de respeito mútuo e de valorização da autoestima. Partindo da premissa de que aprendizagem e o desenvolvimento são produtos da interação social, tomamos os jovens beneficiários como pessoas que chegam ao projeto com uma série de conhecimentos e vivencias importantes e significantes, que devem ser respeitados. Partindo dos processos de socialização e experiências destes jovens beneficiários é que pretendemos contribuir para sua formação pessoal e comunitária. Não somente buscando o desenvolvimento das habilidades esportivas, mas fundamentalmente procurando desencadear um processo de ensino-aprendizagem aberto e capaz de alcançar as funções cognitivas.

As aulas de futebol ocorrerão duas vezes por semana e terão duração de uma hora, com divisão em grupos de trabalho, aos quais chamamos de categorias, sendo compostas por um número variável de participantes. Serão três categorias de idade: de 10 a 13 anos (categoria mirim), de 14 a 15 anos (categoria infantil) e de 16 a 17 anos (categoria juvenil). As três categorias serão divididas em grupos de jovens do sexo masculino e feminino. As atividades sendo tanto de treinamento físico, técnico, participação nas palestras, momentos de reflexão etc.

O Observatório Cultural Metropolitano, em seus dois eixos, música e esportes, buscará também incentivar os jovens participantes a dedicação aos estudos, gerando disciplina e assiduidade na escola.
Para além das aulas, o Observatório será um espaço onde produtores, artistas, artesãos, promotores culturais e moradores em geral, dos bairros, vilas e aglomerados da região noroeste da capital, poderão realizar eventos culturais, festas populares, feiras etc., e onde artistas locais poderão divulgar seu trabalho e produção. No sentido inverso é um espaço aberto de informação e cultura, onde todos poderão entrar em contato (ou estreitá-lo) com a riquíssima e diversa produção artística e cultural desenvolvida nesta localidade.

Objetivo Geral

O Observatório Cultural Metropolitano tem por objetivo central a prevenção à criminalidade por meio da socialização não violenta e a promoção cultural, social e humana na região noroeste de Belo Horizonte, tendo com instrumentos pedagógicos centrais a música e o esporte. Neste sentido, o Observatório Cultural Metropolitano propõe trabalhar nas lacunas da oferta de atividades esportivas e culturais para os jovens moradores da região, em contraponto e concorrência aos cenários diretamente relacionados ao tráfico que no comum das vezes se apresentam aos jovens vulneráveis como opção de vida.

Objetivos Específicos

Ao longo dos doze meses iniciais de realização das oficinas de musicalização e esportes para crianças e jovens a serem executadas no âmbito do Observatório Cultural Metropolitano a expectativa é de que ao menos 300 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade residentes nos bairros diretamente vinculados ao escopo de execução do projeto participem das atividades, ocupem o tempo livre, aprendam música e se mantenham resilientes à influência do crime, do tráfico e uso de drogas e da violência.

Para além, e em complemento a este foco direto nas crianças e adolescentes em situação e vulnerabilidade residentes na região, o Observatório buscará articular a divulgação de eventos artísticos e culturais desenvolvidos nos bairros, vilas e aglomerados da região, oportunizar aos produtores culturais parcerias para realização de eventos culturais, oportunizar a artistas e artesãos espaço de divulgação e comercialização de seu trabalho e produção, oportunizar aos usuários em geral do espaço informações sobre artistas, produtores e eventos nos bairros, vilas e aglomerados da região, proporcionar reflexões acerca da produção artística e cultural da local e promover educação cultural.

Público-alvo

Crianças e adolescentes com idade entre 10 e 17 anos, de ambos os sexos, em situação de vulnerabilidade social, residentes na região noroeste de Belo Horizonte, MG, bairros Lagoinha, Sumaré, Aparecida, Aparecida 7ª Seção, Ermelinda, Nova Cachoeirinha, Bom Jesus, Nova Esperança, Santo André, São Cristóvão, Prado Lopes, Bonfim, Vila Real e Cachoeirinha I e II, e aglomerados e vilas adjacentes. Ao longo dos doze meses iniciais de realização das oficinas de musicalização e esportes para crianças e jovens a serem executadas no âmbito do Observatório Cultural Metropolitano a expectativa é de que ao menos 300 crianças e jovens sejam atendidas.